Choro e o pulsar coletivo

Mariana Paes
2 min readMar 27, 2022

Tenho chorado. Por tudo e por nada. Por dores que não sei de onde vem, mas sei de quem são. São dores coletivas. Quanto mais nos engajamos na luta, mais nosso coração cria raizes pra fora do peito, conectando o nosso pulsar ao pulsar das vozes que gritam conosco pro vazio das cadeiras que deveriam ser ocupadas por quem também grita, também pulsa a dor coletiva, também enraiza o coração ao fio de esperança de um levante coletivo por todos, inclusive pelos que não pulsam.

Muitos não pulsam, são pulsados por máquinas artificiais de mentiras que, enquanto dizimam a todos, colonizam o hospedeiro para que trabalhe contra si, contra os seus, contra os nossos. Contra o nós. O pulsar artificial busca extinguir “nós”.

As máquinas do pulsar artificial vão silenciosamente tentando fingir que são pulsar coletivo, para que as raízes que nos fazes “nós” definhem até não mais conduzirem nosso pulsar.

Eu choro a cada raiz que seca. Mas as lágrimas adubam o solo e regeneram a terra para que novas, mais fortes e capilares raizes encontrem-se, mesmo que seja no limiar entre dor e esperança.

Entre dor e esperança, conheci o pulsar coletivo. Entre a esperança e o caos, conheci a força do coletivo. Entre o caos e o cansaço, quero conhecer a força de um novo tempo onde o pulsar artificial estará só nos livros de história, mas não nos planos do futuro.

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Mariana Paes

Journalist, DEI professional, feminist, feminist, dancer. Fluent in English, Portuguese, Spanish, and Sarcasm. 🇧🇷 🇺🇸